Amor Imigrante
Fotos e textos: Luzo Reis
Publicado originalmente em 28/07/2020 com editoria de Bruna Obadowski do portal A lente
No ano passo, o fotógrafo Luzo Reis recebeu um convite inesperado. Através de um amigo, a imigrante venezuelana Rosbelli Rojas o procurou em busca de um ensaio fotográfico. Na ocasião, um concurso com tema “migração latino-americana” estava aberto e o objetivo de Rosbelli era produzir algumas fotos suas para concorrer. Já fazia um ano que o fotógrafo estava fora de Cuiabá, mas não titubeou ao receber o convite. Luzo, que já possui uma rica trajetória de trabalho com imigrantes, em especial os Haitianos, viu no convite a possibilidade de conhecer a história de Rosbelli e aprofundar o diálogo com a comunidade Venezuelana, que migra paulatinamente para o Brasil por conta da crise econômica e política que enfrenta a Venezuela. Luzo compartilha com a gente a possibilidade de emaranhar na história desse casal que, mesmo após os desafios de uma migração não planejada, seguem com amor, esperança e determinação na luta por dias melhores, agora no Brasil.
A partir das conversas com Rosbelli várias ideias surgiram. Fui pensando em cenários, luzes, roupas. Lembro que nesse caso todas as ideias giravam em torno de Rosbelli e de sua personalidade forte, oriunda de sua origem ancestral de povos guerreiros: o pai negro, a mãe indígena. Com base em tudo o que havíamos conversado me ocorreu trabalhar com essa ancestralidade. A beleza e a dignidade nas feições de Rosbelli e seus trajes da Santeria Afrocubana (também conhecida como “regla de oxa”, religião sincrética semelhante ao candomblé brasileiro) completavam o figurino de sua presença feminina. O contraste com a pequenez da kitnet de 30m² onde mora com o marido no bairro Bela Vista em Cuiabá arrematariam a imagem e com ela contaríamos um pouco da tragédia migratória que relega as maiores pessoas a todo tipo de pequenez.